segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O BEM E O MAL


O Bem e o Mal

“O mal não merece comentário em tempo algum” . Esse conhecido tema de reflexão é repleto de verdade, mas quando repercute em nosso íntimo geralmente encontra pouco eco, pois a nossa realidade cotidiana ainda é muito influenciada pela negatividade. O mal existe de forma intensa em nosso meio, predomina em nosso psiquismo e conseqüentemente retorna para o ambiente em que vivemos. O círculo é vicioso. A causa principal dessa tendência é a ignorância das leis universais e o materialismo, ou seja, a negação imortalidade e da vida espiritual futura. Esse bloqueio do ponto de vista espiritual impede o entendimento da diferença entre existir e viver e restringe a perspectiva humana aos seus limites objetivos e biológicos. A negação da vivência psicológica e da subjetividade espiritual enfatiza o mal na sua experiência, dando a impressão inversa de que o Bem é uma utopia, muitas vezes fora de cogitação. É desse desvio do ponto de vista que surgem conceitos como “os fins justificam os meios”. Somente a maturidade espiritual, adquirida pelas múltiplas existências, mesmo que o indivíduo não acredite nessa possibilidade de renascimento carnal, é que desperta o senso de justiça e a substituição gradual do mal pelo Bem. Essa substituição acontece silenciosamente nos bastidores da consciência individual, nas inúmeras experiências, simples ou marcantes, negativas ou positivas, nas quais o ser adquire novas formas de pensamento, de sentimentos e de atitudes. O livre arbítrio passa a ser utilizado com maior grau de responsabilidade e as pessoas começam a perceber que trazem consigo não somente o instinto de sobrevivênc ia biológica, mas um algo mais, uma equação existencial para ser solucionada num curto espaço de tempo. Uma existência de apenas 70 anos deixa de ser uma simples fonte de satisfação de prazeres da carne e dos vícios mentais e torna-se um veículo de realizações para despertar de novos desafios íntimos. Uma enorme sensação de insatisfação passa a ocupar o mundo íntimo dessas pessoas e suas cogitações sobre o tempo e as conquistas mudam totalmente de rumo, caso elas decidam realmente mergulhar em i próprias. Do contrário, frustram-se.

Então, o que fazer para evitar essa predisposição que temos em valorizar mais as coisas negativas do que as positivas? Como mudar essa crença de que o mal é sempre mais forte do que o bem? Estaríamos sendo incoerentes e hipócritas, num mundo hostil como a Terra, ao negarmos o mal e cultivarmos poeticamente o bem?

É senso comum, entre os espiritualistas, que nosso planeta é um típico mundo de expiações e provas, onde predomina o mal. Estamos numa fase de transição para uma categoria supero, de regeneração, ou seja, o mal ainda existirá por algum tempo, mas não será mais predominante. Os renascimentos traumáticos e as existências tumultuadas ainda serão comuns, mas diminuirão na medida que haja uma expansão do conhecimento superior e da consciência espiritualizada. O mal ainda predomina. Tudo bem! Mas também existe a possibilidade de se praticar o bem. Aliás, este é o real significado da categoria do nosso planeta, isto é, um campo de provas, de experiências, de tentativas, portanto de inúmeras possibilidade de se realizar o Bem. Fazer o bem em mundos superiores é fácil e até redundante; pode até ter valor como aprendizagem, mas não mais como fator evolutivo essencial. Nesses lugares se faz o bem por espontaneidade e não por necessidade de recuperar o tempo perdido ou pelo resgate de faltas. Essa possibilidade de fazer o bem num campo onde predomina o mal é uma prerrogativa do livre-arbítrio; ele é o recurso natural no qual o Ser realiza escolhas e toma decisões nas situações de prova, quase sempre contraditórias e confusas. Isso faz parte do jogo evolutivo. Como dizia o filósofo estóico Epicteto, ninguém progride sem demonstrar equilíbrio diante das coisas contraditórias. É nas situações confusas e desesperadoras que a mente humana adquire experiência real, supera limites, fica mais inteligente e finalmente se transforma no reduto de poderosas forças morais.

Portanto, no planeta Terra, o Bem não é apenas poesia ou ficção. Ele é uma realidade que está ligada às forças naturais de transformação que impulsionam os seres e as coisas rumo à perfeição. Já o mal é uma possibilidade momentânea de estagnação, pelas forças retrógradas, que trabalham em sentido contrário, mas sempre funcionando como suporte secundário de leis superiores. Por isso se diz que Deus escreve certo por linhas tortas. Sendo uma força de transformação, a prática do Bem gera mudanças em nosso mundo interior e no ambiente em que vivemos. Quando não conseguimos essa mudança de forma imediata, ainda assim entramos em processo íntimo de mudança, de ampliação do grau de consciência, mesmo porque o mal sempre nos causa uma incômoda dinâmica de insatisfação e infelicidade. Mesmo aqueles seres maus e intransigentes são marcados p or essa insatisfação, feridos pelo espinho constante da consciência. Esse também é o motivo provável pelo qual muitas pessoas boas, inteligentes, cheias de vida e de futuro promissor, morrem ainda jovens e repentinamente. Muitos desses casos são pessoas que passam por experiências íntimas imperceptíveis aos olhos alheios e que atingem um grau de transformação suficiente numa existência, não necessitando mais conviver em ambientes atrasados e maléficos, a não ser que queiram, por questões pessoais ou de auxílio ao próximo.

Estando infelizes e insatisfeitos, geralmente procuramos uma mudança que possa alterar esse estado desagradável e que nos causa sentimentos negativos. Não estando conscientes dessa situação de mudança íntima, cedemos aos impulsos inferiores: pensamentos negativos, comentários maldosos, inveja, auto-destruição, etc, com se fosse um prazer emocional que nos faz suportar as situações difíceis. Mas é um prazer egoísta e solitário, que engana e agrava os sentimentos e emoções e só faz aumentar a insatisfação e sofrimento por estarmos numa condição espiritual inferior. Daí vem o pessimismo, a descrença no Bem e a supervalorização do mal. Na maioria das vezes só conseguimos reverter positivamente essa situação quando sofremos e derramamos lágrimas de reflexão. Afirmam os sábios que é preciso saber chorar e tirar proveito reflexivo das lágrimas. Assim evoluímos. Do contrário, o que sobra depois delas é o desencanto, a revolta, a sensação de impotência, fracasso e a estagnação. Aqui também, geralmente, se forma um círculo vicioso.

Dalmo Duque dos Santos

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"Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas ..Confúcio"

"O maior projecto da vida é o amor...Segue-o" cravo

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

AS TRÊS REVELAÇÔES




INTRODUÇÃO

Revelar, do latim "revelare", significa, literalmente, sair sob o véu, e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida.

A característica essencial de qualquer revelação tem de ser a verdade. Revelar o segredo é tornar conhecido um fato; se é falso, já não é um fato e, por conseqüência, não existe revelação.

No sentido especial da fé religiosa, a revelação se refere, mais particularmente, das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos, e cujo conhecimento lhe dá Deus através de Seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração. Neste caso, a revelação é sempre feita a homens predispostos, designados sob o nome de profetas ou messias.

Todas as religiões tiveram seus reveladores, e estes, embora longe estivessem de conhecer toda a verdade, tinham uma razão de ser providencial, porque eram apropriados ao tempo e ao meio em que viviam, ao caráter particular dos povos a quem falavam, e aos quais, eram relativamente superiores.

Allan Kardec [A Gênese - cap I] assevera que três foram as grandes revelações da Lei de Deus: a primeira representada por Moisés, a segunda por Jesus e a terceira e última revelação pelo Espiritismo.

Em [O Consolador], o benfeitor Emmanuel tange ao tema da seguinte forma:

"Até agora a Humanidade da era cristã recebeu a grande Revelação em três aspectos essenciais: Moisés trouxe a missão da Justiça; o Evangelho, a revelação insuperável do Amor e o Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo, traz, por sua vez, a sublime tarefa da Verdade."

PRIMEIRA REVELAÇÃO: MOISÉS

Moisés, como profeta, revelou aos homens a existência de um Deus único e soberano Senhor e orientador de todas as coisas; promulgou a lei do Sinai e lançou as bases da verdadeira fé. Como homem, foi o legislador do povo pelo qual essa primitiva fé, purificando-se, havia de espalhar-se por sobre a Terra.

Examinando o missionário, Emmanuel assim se refere:

"Moisés trazia consigo as mais elevadas faculdades mediúnicas, apesar de suas características de legislador humano. É inconcebível que o grande missionário dos judeus e da Humanidade pudesse ouvir o espírito de Deus. Estais, porém habilitados a compreender que a Lei, ou a base da Lei (os Dez Mandamentos), foi-lhe ditada pelos emissários de Jesus.

Examinando-se os seus atos enérgicos de homem, há a considerar as características da época em que se verificou sua grande tarefa. Com expressões diversas, o grande enviado não poderia dar conta exata de suas preciosas obrigações, em face da Humanidade ignorante e materialista."

A LEI MOSAICA

Há duas partes distintas na lei mosaica: a lei de Deus, promulgada sobre o Monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, estabelecida pelo próprio Moisés. Uma é invariável; a outra é apropriada aos costumes e ao caráter do povo e se modifica com o tempo.

A primeira, é lei de todos os tempos e de todos os países, e tem, por isso mesmo, um caráter divino. A segunda, foi criada pelo missionário para manter o temor de um povo naturalmente turbulento e indisciplinado, no qual tinha de combater abusos arraigados e preconceitos adquiridos durante a servidão do Egito.

André Luiz, referindo-se a parte divina da Lei Mosaica, diz:

"Os Dez Mandamentos recebidos mediunicamente pelo profeta, brilham ainda hoje por alicerce de luz na edificação do Direito, dentro da ordem social."

O mesmo autor, em [Evolução em Dois Mundos], traduz o Decálogo para uma visão atual, escrevendo:"Consagra amor supremo ao Pai de Bondade Eterna, nele reconhecendo a tua divina origem.

Precata-te contra os enganos do antropomorfismo, porque padronizar os atributos divinos absolutos pelos acanhados atributos humanos é cair em perigosas armadilhas da vaidade e do orgulho.

Abstém-te de envolver o julgamento divino na estreiteza de teus julgamentos.Recorda o impositivo da meditação em teu favor e em benefício daqueles que te atendem na esfera de trabalho, para que possas assimilar com segurança os valores da experiência.

Lembra-te de que a dívida para com teus pais terrestres é sempre insolvável por sua natureza sublime.

Responsabilizar-te-ás pelas vidas que deliberadamente extinguires.

Foge de obscurecer ou conturbar o sentimento alheio, porque o cálculo delituoso emite ondas de força desorientada que voltarão sobre ti mesmo.

Evita a apropriação indébita para que não agraves as próprias dívidas.

Desterra de teus lábio toda palavra dolosa a fim de que se não transforme, um dia, em tropeço para os teus pés.

Acautela-te contra a inveja e o despeito, a inconformação e o ciúme, aprendendo a conquistar alegria e tranqüilidade, ao preço do esforço próprio, porque os teus pensamentos te precedem os passos, plasmando-te, hoje, o caminho de amanhã."

QUADRO I - O Decálogo

1. Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás deuses estrangeiros diante de mim. Não farás para ti imagens de escultura, nem figura alguma de tudo o que há em cima no Céu, e do que há embaixo na terra, nem de coisa que haja nas águas, debaixo na terra. Não andarás, nem lhes darás culto.

2. Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.

3. Lembra-te de santificar o dia de sábado.

4. Honrarás a teu pai e a tua mãe, para teres uma dilatada vida sobre a Terra.

5. Não matarás.

6. Não cometerás adultério.

7. Não furtarás.

8. Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.

9. Não desejarás a mulher do próximo.

10. Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem outra coisa alguma que lhe pertença.

Fonte: [ESE-cap I]

SEGUNDA REVELAÇÃO: JESUS

A segunda grande revelação da Lei de Deus, na concepção Kardequiana, foi apresentada por Jesus, o Divino Governador da Terra.

Segundo o benfeitor André Luiz [Evolução em Dois Mundos]:

"Com Jesus, a religião, como sistema educativo, alcança eminência inimaginável. Nem templos de pedras, nem rituais. Nem hierarquias efêmeras, nem avanço ao poder humano. O Mestre desaferrolha as arcas do conhecimento enobrecido e distribui-lhe os tesouros."

Allan Kardec, examinando a Revelação Cristã, lembra que:

"O Cristo, tomando da antiga lei o que é eterno e divino e rejeitando o que era transitório, puramente disciplinar e de concepção humana, acrescentou a revelação da vida futura, de que Moisés não falara, assim como a das penas e recompensas que aguardam o homem depois da morte."

Acrescenta Kardec que a filosofia cristã estava sedimentada em uma concepção inteiramente nova da Divindade. Esta já não era mais a concepção de um Deus terrível, ciumento, vingativo, como O apresentava Moisés, mas um Deus clemente, soberanamente bom e justo, cheio de mansidão e misericórdia, que perdoa ao vicioso e dá a cada um segundo as suas obras. Enfim, já não é o Deus que quer ser temido, mas o Deus que quer ser amado.

QUEM É JESUS?

Lembra o Espírito Emmanuel, que

"De forma alguma poderíamos fazer um estudo minucioso da psicologia de Jesus, por nos faltar maturidade espiritual para tanto."

No entanto, a respeito do Messias, sabe-se que foi Ele o Enviado de Deus, a representação do Pai junto ao rebanho de filhos transviados de seu amor e de sua sabedoria, cuja tutela foi-lhe confiada nas ordenações sagradas da vida no Infinito.

Diretor angélico do orbe terreno, acompanhou todo o processo de formação da Terra, o primórdio da vida no planeta, e vem seguindo, com a mais extremada atenção, a todos os espíritos que vinculados a este orbe, desenvolvem valores éticos e culturais.

Mostra Emmanuel que Jesus não pode ser compreendido como um simples filósofo, tendo-se em conta os valores divinos de sua hierarquia espiritual, conseguidos à custa de inumeráveis encarnações em mundos, hoje já inexistentes.

Esteve encarnado em nosso planeta uma única vez, e tornou-se, na expressão do Codificador, o "modelo e guia para a humanidade", haja vista ter sido Jesus o único Espírito Puro a envolver-se nos fluidos carnais da Terra.

OS EVANGELHOS

A Mensagem Cristã encontra-se distribuída nos quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), nas Epístolas apostólicas, nos Atos dos Apóstolos e no Apocalipse de João.

Uma análise crítica dos Evangelhos e das Cartas Apostólicas, leva-nos, naturalmente, ao encontro de algumas passagens pouco aceitáveis, ilógicas ou até mesmo absurdas: "A tentação no deserto", "A expulsão dos vendilhões do templo" e muitos pensamentos colocados na boca de Jesus, não resistem a uma análise racional por encontrarem-se em evidente contradição com os mais elementares princípios da lógica, da justiça e da caridade.

Estes desencontros evangélicos em nada desmerecem a obra, que é, segundo Kardec, "código universal da moral", mas despertam nossa atenção para alguns detalhes vinculados a ela:

a) As Adulterações Involuntárias: Jesus nada escreveu. Acredita-se que as primeiras anotações tenham surgido muito tempo depois da sua morte. Marcos, Lucas e Paulo não chegaram a conhecer o Messias e, portanto, colheram informações de outras fontes. Todos essas evidências levam-nos a acreditar que determinadas colocações apresentadas nos Evangelhos não correspondem à realidade absoluta dos fatos. Certamente, ocorreram adulterações involuntárias.

b) Os Enxertos dos Evangelistas: Notamos, ao examinarmos os Evangelhos, que uma preocupação básica ocupava a mente dos evangelistas: provar que Jesus era de fato o Messias aguardado pelos judeus. Para que a Mensagem cristã viesse a vingar na Palestina, esta idéia deveria prevalecer. Acredita-se então, que algumas passagens da Boa Nova não ocorreram realmente, mas foram acrescentadas às anotações com esse objetivo. "O nascimento de Jesus em Belém", "a hipotética viagem ao Egito", a "Tentação no deserto" e muitas outras passagens teriam sido enxertadas para provar a tese de que Jesus era o Salvador dos Judeus, o Enviado de Jeová.

c) As Adulterações Posteriores da Igreja: muitas anotações verificadas nos textos bíblicos de hoje não são identificadas nas versões originais, mostrando que foram acrescentadas posteriormente.Para justificar certos dogmas, alguns sacramentos e determinadas práticas religiosas, certos representantes da Igreja, ainda nos primeiros séculos da era Cristã, acrescentaram aos textos originais idéias, princípios e passagens que na realidade não ocorreram.

TERCEIRA REVELAÇÃO: ESPIRITISMO

Allan Kardec apresenta o Espiritismo como sendo a Terceira Revelação da Lei de Deus, o Consolador prometido aos homens por Jesus, conforme anunciado por [João-XIV:15-17, 26]:

"Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para que fique eternamente convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. - Mas o Consolador, a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito."

Kardec, examinando o tema, afirma:

"O Espiritismo vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo. Ele chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos porque ele fala sem figuras e alegorias."

Da mesma maneira que Jesus não veio destruir a lei mosaica, apresentada 15 séculos antes Dele por Moisés, assim também o Espiritismo não vem derrogar a lei cristã mas completá-la, desenvolvê-la, enriquecê-la.

Nesse sentido, o Espiritismo se propõe a revelar tudo aquilo que Jesus não pode dizer àquela época em função da pouca maturidade espiritual de sua gente. Ele é, portanto, obra do Cristo, que o preside e o acompanha, objetivando a recuperação moral da humanidade.

O CARÁTER DA REVELAÇÃO ESPÍRITA

Do ponto de vista de uma revelação religiosa, o Espiritismo apresenta algumas características particulares:

a) Estruturação Coletiva

A primeira revelação teve a sua personificação em Moisés, a segunda no Cristo, a terceira não a tem em indivíduo algum; as duas primeiras foram individuais, a terceira coletiva; aí está um caráter essencial de grande importância. Ela é coletiva no sentido de não ser feita ou dada como privilégio a pessoa alguma; ninguém, por conseqüência, pode inculcar-se como seu profeta exclusivo; foi espalhada simultaneamente, por sobre a Terra, a milhões de pessoas, de todas as idades e condições, desde a mais baixa até a mais alta da escala.

Lembra Kardec:

"Que as duas primeiras revelações, sendo fruto do ensino pessoal ficaram forçosamente localizadas, isto é, apareceram num só ponto, em torno do qual a idéia se propagou pouco a pouco; mas foram precisos muitos séculos para que atingissem as extremidades do mundo, sem mesmo o invadirem inteiramente. A terceira tem isto de particular: não estando personificada em um só indivíduo, surgiu simultaneamente em milhares de pontos diferentes, que se tornaram centros ou focos de irradiação."

b) Origem Humano-Espiritual

Surgindo o Espiritismo numa época de emancipação e madureza espiritual, em que a inteligência, já desenvolvida, não se resigna a representar papel passivo; em que o homem nada aceita às cegas, mas quer ver aonde o conduzem, quer saber o porquê e o como de cada coisa - tinha ela de ser ao mesmo tempo o produto de um ensino e o fruto do trabalho, da pesquisa e do livre exame. Assim sendo, os Espíritos propõem-se a ensinar somente aquilo que é mister para guiar o homem no caminho da verdade, mas se abstêm de revelar o que o homem pode descobrir por si mesmo, deixando-lhe o cuidado de discutir, verificar e submeter tudo ao cadinho da razão, deixando mesmo, muitas vezes, que adquira experiência à sua custa. Fornecem-lhe o princípio, os materiais; cabe-lhe, a ele, aproveitá-los e pô-los em obra.

O Espiritismo, portanto, tem uma dupla origem: espiritual, pois sua estrutura doutrinária foi em grande parte ditada por Espíritos Superiores preparados para este mister; e nesse sentido ele é uma revelação. Mas tem também uma origem humana, pois foi e continua sendo enriquecido, trabalhado e burilado por espíritas cultos e dedicados que dão o melhor de si no aperfeiçoamento da obra.

c) Caráter Progressivo

Um último caráter da revelação espírita é que, apoiando-se em fatos, tem de ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva como todas as ciências de observação. Por sua substância, alia-se à Ciência que, sendo a exposição das leis da natureza com relação a certa ordem de fatos, não pode ser contrária às leis de Deus, autor daquelas leis.

O Espiritismo pois, não estabelece como princípio absoluto senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que hajam assumido o estado de verdades práticas.

Kardec, a respeito desse caráter, emite vários pensamentos notáveis:"Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará." [A Gênese - cap I ,it 55]

"Somente as religiões estacionárias podem temer as descobertas da Ciência." [A Gênese - cap IV, it 10]

"As religiões, sejam quais forem, jamais ganharam coisa alguma em sustentar erros manifestos." [A Gênese - -cap IV, it 9]

"Não há revelação que se possa sobrepor à autoridade dos fatos." [A Gênese - cap IV, it 8]

"A melhor religião será a que melhor satisfaça à razão e às legítimas aspirações do coração e do espírito; que não seja em nenhum ponto desmentida pela ciência positiva, que em vez de se imobilizar, acompanhe a humanidade em sua marcha progressiva, sem nunca deixar que a ultrapassem." [A Gênese - cap XVII, it 32]

"Se uma nova lei for descoberta, tem a Doutrina Espírita que se por de acordo com essa lei. Não lhe cabe fechar a porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar. Assimilando todas as idéias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicos ou metafísicos, ela jamais será ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias de sua perpetuidade." [Obras Póstumas - 2ª parte]

BIBLIOGRAFIA

1) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec

2) A Gênese - Allan Kardec

3) Obras Póstumas - Allan Kardec

4) A Caminho da Luz - Emmanuel/Chico Xavier

5) O Consolador - Emmanuel/Chico Xavier

6) Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier - Waldo Vieira

7) Cristianismo e Espiritismo - Leon Denis

8) Cristianismo: A mensagem esquecida - Hermínio Miranda

Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora – MG

RESUMO DA DOUTRINA ESPÍRITA



Resumo da Doutrina Espírita

- Pontos Principais -

- Deus é eterno, imutável, imaterial, único, onipotente, soberanamente justo e bom.

- Criou o Universo, que abrange todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais.

- Os seres materiais constituem o mundo visível ou corpóreo, e os seres imateriais, o mundo invisível ou espírita, isto é, dos Espíritos.

- O mundo espírita é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo.

- O mundo corporal é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso alterasse a essência do mundo espírita.

- Os espíritos revestem temporariamente um invólucro material perecível, cuja destruição pela morte lhes resituti a liberdade.

- Entre as as diferentes espécies de seres corpóreos, Deus escolheu a espécie humana para a encarnação dos espíritos que chegaram a certo grau de desenvolvimento, dando-lhe superioridade moral e intelectual sobre as outras.

- A alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo apenas o seu envoltório.

- Há no homem três coisas: 1) O corpo ou ser material análogo aos animais e animado pelo mesmo principio vital; 2) A alma ou ser imaterial, Espírito encarnado no corpo; 3) O laço que prende a alma ao corpo, princípio intermediário entre a matéria e o Espírito.

- Tem assim o homem duas naturezas: pelo corpo, participa da natureza dos animais, cujos instintos lhe são comuns; pela alma, participa da natureza dos Espíritos.

- O laço ou perispírito, que prende ao corpo o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede nos fenômenos das aparições.

- O Espírito não é, pois, um ser abstrato, indefinido, só possível de conceber-se pelo pensamento. É um ser real, circunscrito, que, em certos casos, se torna apreciável pela vista, pelo ouvido e pelo tato.

- Os espíritos pertencem a diferentes classes e não são iguais, nem em poder, nem em inteligência, nem em saber, nem em moralidade. Os da primeira Ordem são Espíritos superiores, que se distinguem dos outros pela sua perfeição, seus conhecimentos, sua proximidade de Deus, pela pureza de seus sentimentos e por seu amor do bem: são os anjos ou puros espíritos. Os das outras classes se acham cada vez mais distanciados dessa perfeição, mostrando-se os das categorias inferiores, na sua maioria, eivados das nossas paixões: o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho, etc. Comprazem-se no mal. Há também, entre os inferiores, os que não são nem muito bons nem muito maus, antes pertubadores e enredadores, do que perversos. A malícia e as inconsequências parecem ser o que neles predomina. São os Espíritos estúrdios ou levianos.

- Os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria. Todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia Espírita. Esta melhora se efetua por meio da encarnação, que é imposta a uns como expiação, a outros como missão. A vida material é uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que haja atingido a absoluta perfeição moral.

- Deixando o corpo, a alma volve ao mundo dos Espíritos, donde saíra, para passar por nova eixstência material, após um lapso de tempo mais ou menos longo, durante o qual permance em estado de Espírito errante.

- Tendo o Espírito que passar por muitas encarnações, segue-se que todos nós temos tido muitas existências e que teremos ainda outras, mais ou menos aperfeiçoadas, quer na Terra, quer em outros mundos.

- A encarnação dos Espíritos se dá semrpe na espécie humana; seria erro acreditar-se que a alma ou Espírito possa encarnar no corpo de um animal.

- As diferentes existências do corpóreas do Espírito são sempre progressivas e nunca regressivas; mas, a rapidez do seu progresso depende dos esforços que faça para chegar à perfeição.

- As qualidades da alma são as do Espírito que está encarnado em nós; assim, o homem de bem é a encarnação de um bom espírito, o homem perverso a de um Espírito impuro.

- A alma possuía sua individualidade antes de encarnar; conserva-a depois de se haver separado do corpo.

- Na sua volta ao mundo dos Espíritos, encontra ela todos aqueles que conhecera na Terra, e todas as suas existências anteriores se lhe desenham na memória, com a lembrança de todo bem e de todo mal que fez.

- O Espírito encarnado se acha sob a influência da matéria; o homem que cence esta influência, pela elevação e depuração de sua alma, se aproxima dos bons Espíritos, em cuja companhia um dia estará. Aquele que se deixa dominar pelas más paixões, e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros, se aproxima dos Espíritos impuros, dando preponderância à sua natureza animal.

- Os Espíritos encarnados habitam os diferentes globos do Universo.

- Os não encarnados ou errantes não ocupam uma região determinada e circunscrita; estão por toda parte no espaço e ao nosso lado, vendo-nos e acotovelando-nos de contínuo. É toda uma população invisível, a mover-se em torno de nós.

- Os Espíritos exercem incessante ação sobre o mundo moral e mesmo sobre o mundo físico. Atuam sobre a matéria e sobre o pensamento e constituem uma das potências da Natureza, causa eficente de uma multidão de fenômenos até então inexplicados ou mal explicados e que nào encontram explicação racional senão no Espiritismo.

- As relações dos Espíritos com os homens são constantes. Os bons Espíritos nos atraem para o bem, nos sustentando nas provas da vida e nos ajudam a suportá-las com coragem e resignação. Os maus nos impelem para o mal: é-lhes um gozo ver-nos sucumbir e assemelhar-nos a eles.

- As comunicações dos Espíritos com os homens são ocultas ou ostensivas. As ocultas se verificam pela influência boa ou má que exercem sobre nós, à nossa revelia. Cabe ao nosso juízo discernir as boas das más inspirações. As comunicações ostensivas se dão por meio da escrita, da palavra ou de outras manifestações materiais, quase sempre pelo médiuns que lhe servem de instrumentos.

- Os Espíritos se manifestam espontaneamtne ou mediante evocação.

- Podem evocar-se todos os Espíritos: os que animaram homens obscuros, como das personagens mais iluestres, seja qual for a época em que tenham vivido; os de nossos parentes, amigos, ou inimigos, e obter-se deles, por comunicações escritas ou verbais, conselhos, informações sobre a situação em que se encontram no Além, sobre o que pensam a nosso respeito, assim como as revelações que lhes sejam permitidas fazer-nos.

- Os Espíritos são atraídos na razão da simpatia que lhes inspire a natureza moral do meio que os evoca. Os Espíritos superiores se comprazem nas reuniões sérias, onde predominam o Amor do bem e o desejo sincero, por parte dos que as compõesm, de se instruírem e melhorarem. A presença deles afasta os Espíritos inferiores que, inversamente, encontram livre acesso e podem obrar com toda a liberdade entre pessoas frívolas ou impelidas unicamente pela curiosidade e onde quer que existam maus instintos. Longe de se obterem bons conselhos, ou informações úteis, deles só se devem esperar futilidades, mentiras, gracejos de mau gosto, ou mistificações, pois que muitas vezes tomam nomes venerados, a fim de melhor induzirem ao erro.

- Distinguir os bons dos maus Espíritos é extremamente fácil. Os Espíritos superiores usam constantemente de linguagem digna, nobre, repassada da mais alta moralidade, escoimada de qualquer paixão inferior; a mais pura sabedoria lhes transparece dos conselhos, que objetivam sempre o nosso melhoramento e o bem da humanidade. A dos Espíritos inferiores, ao contrário, é inconsequente, amiúde trivial e até grosseira. Se, por vezes, dizem alguma coisa boa e verdadeira, muito mais vezes dizem falsidades e absurdos, por malícia ou ignorância. Zombam da credulidade dos homens e se divertem à custa dis que interrogam, lisonjeando-lhes a vaidade, alimentando-lhes os desejos com falazes esperanças. Em resumo, as comunicações sérias, na mais ampla acepção do termo só são dadas nos centros sérios, onde reine íntima comunhão de pensamentos, tendo em vista o bem.

- A moral dso Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: fazer aons outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. Neste princípio encontra o homem uma regra universal de proceder, mesmo para as suas menores ações.

- Ensinam-nos que o egoísmo, o orgulho, a sensualidade são paixões que nos aproximam da natureza nanimal, prendendo-nos à matéria; que o homem que, já neste mundo, se desliga da matéria, desprezando as futilidades mundanas e amando o próximo, se avizinha da natureza espiritual; que cada um deve tornar-se útil, de acordo com as faculdades e os meios que Deus lhes pôs nas mãos para experimentá-lo; que o Forte e o Poderoso devem amparo e poteção ao Fraco, porquanto transgride a Lei de Deus aquele que abusa da força e do poder para oprimir o seu semelhante. Ensinam, finalmente, que, no mundo dos Espíritos nada podendo ser oculto, o hipócrita será desmascarado, e patenteadas todas as suas torpezas; que a presença inevitável, e de todos os instantes, daqueles para com quem houvermos procedido mal constitui um dos castigos que nos estão reservados; que ao estado de inferioridade e superioridade dos Espíritos correspondem penas e gozos desocnhecidos na Terra.

- Mas, ensinam também não haver faltas irremessíveis, que a expiação não possa apagar. Meio de consegui-lo encontra o homem nas diferentes existências que lhe permitem avançar, conformemente aos seus desejos e esforços, na senda do progresso, para a perfeição, que é o seu destino final.

O QUE É O ESPÍRITISMO?




O que é o Espiritismo:

É o conjunto de princípios e leis, revelados pelos Espíritos Superiores, contidos nas obras de Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, o Céu e o Inferno e A Gênese.

É o Consolador prometido que veio, no devido tempo, recordar e complementar o que Jesus ensinou, "restabelecendo todas as coisas no seu verdadeiro sentido", trazendo, assim, à Humanidade as bases reais para sua espiritualização.

O que revela:

Revela conceitos novos e mais aprofundados a respeito de Deus, do Universo, dos Homens, dos Espíritos e das Leis que reagem a vida.

Revela, ainda, o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da nossa existência e qual a razão da dor e do sofrimento.

Qual a sua abrangência:

Trazendo conceitos novos sobre o homen e tudo o que cerca, o Espiritismo toca em todas as áreas do conhecimento, das atividades e do comportamento humano.

Pode e deve ser estudado, analisado e praticado em todos os aspectos fundamentais da vida, tais como: científico, filosófico, religioso, ético, moral, educacional e social.

Prática Espírita:

Toda a prática espírita é gratuita, dentro do princípio do Envangelho: "Dai de graça o que de graça recebeste".

A prática Espírita é realizada sem nenhum culto exterior, dentro do princípio cristão de que Deus deve ser adorado em espírito e verdade.

O Espiritismo não tem corpo sacerdotal e não adota e nem usa em suas reuniões e em suas práticas: altares, imagens, andores, velas, procissões, sacramentos, concessões de indulgência, paramentos, bebidas alcoólicas ou alucinógenas, incenso, fumo, talismãs, amuletos, horóscopos, cartomancia, pirâmides, cristais, búzios ou quaisquer outros objetos, rituais ou formas de culto exterior.

O Espiritismo não impõe os seus princípios. Convida os interessados em conhecê-los, a submeter os seus ensaios ao crivo da razão, antes de aceitá-los.

A mediunidade, que permite a comunicação dos Espíritos com os homens, é uma faculdade que muitas pessoas trazem consigo ao nascer, independentemente da religião ou da diretriz doutrinária de vida que adote.

Prática mediúnica espírita só é aquela que é exercida com base nos princípios da Doutrina Espírita e dentro da moral cristã.

O Espiritismo respeita todas as religiões, valoriza todos os esforços para a prática do bem e trabalha pela confraternização entre todos os homens, independentemente de sua raça, cor, nacionalidade, crença, nível cultural ou social. Reconhece, ainda, que "o verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza".

"Nascer, morrer, renascer, ainda, e progredir sempre, tal é a lei."

"Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade."

"Fora da caridade não há salvação."

O estudo das obras de Allan Kardec é fundamental para o correto conhecimento da Doutrina Espírita.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

MORTE PREMATURA: CRIANÇAS NO MUNDO ESPIRITUAL


MORTE PREMATURA: CRIANÇAS NO MUNDO ESPIRITUAL

CAUSAS DAS MORTES PREMATURAS

Como explicar a situação da criança, cuja vida material se interrompe? E por que esse fato ocorre? Duas indagações que surgem naturalmente ao nos depararmos com a morte na infância.

Allan Kardec [LE-qst 199] registra o pensamento dos Espíritos Superiores:

"A duração da vida da criança pode ser, para seu Espírito, o complemento de uma vida interrompida antes do tempo devido, e sua morte é freqüentemente uma prova ou uma expiação para os pais."

Observamos pelo exposto que a morte prematura está quase sempre vinculada a erro grave de existência pretérita: almas culpadas que transgrediram a Lei geral que vige os destinos da criatura e retornam à carne para recomporem a consciência ante o deslize. São, muitas vezes, ex-suicídas (conscientes ou inconscientes) que necessitam do contato com os fluidos materializados do planeta, para refazerem a sutil estrutura eletromagnética de seu corpo espiritual.

Lembram ainda os Benfeitores que os pais estão igualmente comprometidos com a Lei de Causa e Efeito e, na maioria das vezes, foram cúmplices ou causadores indiretos da falta que gerou o sofrimento de hoje.

Emmanuel [Criança no Além-prefácio] afirma:

"Porque a desencarnação de crianças, vidas tolidas em flor?

Muitos problemas observados exclusivamente do lado físico, assemelha-se a enigmas de solução impraticável; entretanto, examinados do ponto de vista da imortalidade e do burilamento progressivo da alma, reconhecer-se-á que o Espírito em evolução pode solicitar conscientemente certas experiências ou ser induzido a ela em benefício próprio.

Nas realizações terrestres, é comum a vinculação temporária de alguém a determinado serviço por tempo previamente considerado.

Há quem renasça em limitado campo de ação para trabalho uniforme em decênios de presença pessoal e há quem se transfira dessa ou daquela tarefa para outra, no curso da existência, dependendo, para isso, de quotas marcadas de tempo. Encontramos amigos que efetuam longos cursos de formação profissional em lugares distantes do recanto em que nasceram e outros que se afastam, a prazo curto, da paisagem que lhes é própria, buscando as especializações de que se observam necessitados. E depois destes empreendimentos concluídos, através de viagens que variam de tipo, segundo as escolhas que façam, ei-las de regresso aos locais de trabalho em cuja estruturação se situam.

Esta é a imagem a que recorremos para que a desencarnação de crianças seja compreendida, no plano físico, em termos de imortalidade e reencarnação."

Casos, no entanto, existem que não estão inseridos no processo de Ação e Reação e configuram sim, ações meritórias de Espíritos missionários que renascem para viverem poucos anos em contato com a carne em função de tarefas espirituais. É o que afirma André Luiz:

"Conhecemos grandes almas que renasceram na Terra por brevíssimo prazo, simplesmente com o objetivo de acordar corações queridos para a aquisição de valores morais, recobrando, logo após o serviço levado a efeito, a expectativa apresentação que lhes era custumeira."

CRIANÇAS NO PLANO ESPIRITUAL

Com relação à posição espiritual dos Espíritos que desencarnam na infância, André Luiz informa-nos que todos eles são recolhidos em Instituições apropriadas, não se encontrando Espíritos de crianças nas regiões umbralinas.

Há inúmeras descrições espirituais de Escolas, parques, colônias e instituições diversas consagradas ao acolhimento e amparo às crianças que retornam do Planeta através da desencarnação.

Chico Xavier, analisando a situação espiritual e o grau de lucidez desses Espíritos diz:

"Os benfeitores espirituais habitualmente nos esclarecem que a criança desencarnada no Mais Além, recobra parcialmente valores da memória, quando na condição de Espírito, tenha já entesourado alta gama de conhecimentos superiores, com pouco tempo depois da desencarnação, conseguindo, por isso, formular conceitos e anotações de acordo com a maturidade intelectual adquirida com laborioso esforço.

O mesmo não acontece com o Espírito que ainda não adquiriu patrimônio de experiência mais dilatados, seja por estar nos primeiros degraus da evolução humana ou por essência de aplicação pessoal ao estudo e a observação dos acontecimentos.

Para o Espírito nesse estágio, o desenvolvimento na vida espiritual é semelhante ao que se verifica no plano físico em que o ser humano é compelido a aprender vagarosamente as lições da existência e adiantar-se gradativamente, conforme as exigências do tempo."

André Luiz [Entre a Terra e o Céu] vai pronunciar-se da mesma forma: "Acreditamos que o menino desencarnado retomasse, de imediato, a sua personalidade de adulto ... Em muitas situações, é o que acontece quando o Espírito já alcançou elevado estágio evolutivo.

Contudo, para a grande maioria das crianças que desencarnaram, o caminho não é o mesmo. Almas ainda encarceradas no automatismo inconsciente, acham-se relativamente longe do autogoverno. Jazem conduzidos pela Natureza, à maneira de criancinhas no colo materno. É por esse motivo que não podemos prescindir de períodos de recuperação, para que se afasta do veículo físico, na fase infantil."

QUADRO XII - Morte Prematura – Possibilidades

- Assumir a forma da última existência

- Conservar a forma infantil que vai se desenvolvendo à semelhança do que ocorre na Terra

- Reencarnar pouco tempo depois do falecimento



Bibliografia

1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec

2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec

3) Entre a Terra e o Céu - André Luiz/Chico Xavier

4) Resgate e Amor - Tiaminho/Chico Xavier

5) Escola no Além - Claudia/Chico Xavier

6) Crianças no Além - Marcos/Chico Xavier

Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

O ESQUECIMENTO DO PASSADO


O ESQUECIMENTO DO PASSADO

INTRODUÇÃO

O esquecimento do passado é considerado a mais séria das objeções contra a reencarnação. Como pode o homem aproveitar da experiência adquirida em suas anteriores existências, quando não se lembra delas? Pois que, desde que lhe falta essa reminiscência, cada existência é para ele qual se fora a primeira; deste modo está sempre a recomeçar... Pareceria ilógico fazer-nos expiar em uma existência faltas cometidas nas vidas passadas, de que tivéssemos perdido a lembrança. Enfim, se o homem já viveu, pergunta-se: por que não se lembra de suas existências passadas?

RAZÕES DO ESQUECIMENTO

Allan Kardec [LE-qst 392-399] [ESE-cap V it 11] vai examinar essa questão.

Depois de concluir que o esquecimento do passado atesta a sabedoria de Deus, pois a lembrança de existências anteriores traria inconvenientes muito graves, o Codificador apresenta as principais razões do ponto de vista moral:

a) A lembrança do passado traria perturbações inevitáveis às relações sociais: o Espírito renasce freqüentemente no mesmo meio em que viveu, e se encontra em relação com as mesmas pessoas a fim de reparar o mal que lhes tenha feito. Se nelas reconhecesse as mesmas que havia odiado, talvez o ódio reaparecesse. De qualquer modo, ficaria humilhado perante aquelas pessoas que tivesse ofendido.

Quantos ódios milenares são desfeitos em uma existência quando os adversários de ontem se reencontram na condição de pai e filho, de mãe e filha ou de irmãos consanguíneos? Se eles tivessem na consciência a lembrança das faltas cometidas uns contra os outros, dificilmente conseguiriam pacificar as relações. De tudo isto deduz-se que a lembrança do passado perturbaria as relações sociais e tornar-se-ia um entrave ao progresso.

b) Pelo esquecimento do passado o homem é mais ele mesmo: livre da reminiscência de um passado importuno, o homem viverá com mais liberdade, terá maior mérito em praticar o bem, e poderá exercitar seu livre-arbítrio de forma mais ampla.

A lembrança do passado poderia humilhar o Espírito culpado levando-o a muitos processos de auto-depreciação, como poderia também exaltar o orgulho dos Espíritos que tiveram um passado de destaque em qualquer área da atividade humana.

A vida terrestre é, algumas vezes, difícil de suportar; ainda mais o seria se, ao cortejo dos nossos males atuais, acrescesse a memória dos sofrimentos ou das vergonhas passadas;

c) O esquecimento do passado arrefece o complexo de culpa, dando condições ao Espírito culpado de renovar-se psiquicamente: muitos Espíritos faltosos encontram-se em terríveis sofrimentos purgatoriais. Nas diversas esferas da erraticidade, em função de um remorso estanque, de uma culpa neurótica, sem estrutura psicológica para reparar o passado através da prática do bem e de uma atitude mental positiva.

Esquecendo o passado, ele mergulha em nova vida, onde as oportunidades de ressarcimento se lhe apresentarão naturalmente sem que o remorso paralisante atormente a sua consciência frágil;

d) O esquecimento do passado é uma condição temporária: ocorre apenas durante a vida física. Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado. Nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono.

Ao retornar à vida extra-física, o homem vai, paulatinamente (mais ou menos rapidamente em função de sua evolução), tomando ciência de suas experiências anteriores, e então, já mais lúcido e tranqüilo, tem condições de tomar decisões sábias, preparando-se para novas batalhas.

Há, ainda, outra argumentação filosófica: por acaso o fato de não nos lembrarmos da nossa infância representa prova de que essa infância não existiu? Quantos acontecimentos vivemos, muitos deles, inclusive, perpetuados em fotografias, em filmes ou em gravações, e deles nos esquecemos completamente?

Do ponto de vista científico, as razões que explicam porque perde o Espírito as lembranças do passado são de três ordens:

1. O restringimento do perispírito no processo encarnatório;

2. O estado de perturbação que acompanha o Espírito reencarnante;

3. A imaturidade das células do sistema nervoso central nos primeiros anos de vida.

Esses fatores se somando fazem com que em cada nova existência o Espírito se esqueça, em seu próprio benefício das experiências pretéritas.

INSTRUMENTOS DO PRESENTE

Se o homem esquece o passado, poder-se-ia objetar: como condu-zir-se diante das provas, das opções, das situações difíceis que se lhe depararão na nova existência? Qual o caminho a seguir? Qual a atitude a tomar?

Kardec diz:

"Deus nos deu, para nos melhorarmos, justamente o que necessitamos e nos é suficiente: a voz da consciência e as tendências instintivas. O homem traz ao nascer, aquilo que adquiriu. Ele nasce exatamente como se fez. Cada existência é para ele um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi: se está sofrendo, é porque fez o mal, e suas tendências atuais indicam o que lhe resta corrigir em si mesmo. Examinando suas aptidões, seus defeitos suas inclinações inferiores ele pode inferir de seu passado e buscar elementos para reestruturar-se moral e intelectualmente. É sobre isso que ele deve concentrar toda a sua atenção, pois daquilo que foi completamente corrigido já não restam sinais." [ESE-cap V it 11]

Examinando sempre sua consciência, estudando atentamente o que é certo e errado ele encontrará o caminho ideal a seguir, pois cada um traz impresso em seu interior as necessidades prementes e as resoluções tomadas quando no mundo espiritual.

A estes fatores acrescem-se dois outros: a assistência dos bons Espíritos e as lembranças advindas durante o sono.

Não é somente após a morte que o Espírito terá recordações de suas outras existências. Muitas vezes, quando Deus julga útil, permite que o Espírito durante o desdobramento natural do sono, tenha lembranças fragmentárias de outras encarnações. Mesmo que não se lembre totalmente delas ao acordar, as manterá em seu campo psíquico sobre a forma de reflexos e condicionamentos positivos, que nos momentos de dúvida poderão auxiliá-lo a tomar as decisões corretas.

Por outro lado, todos nós, ao reencarnamos, passamos a ser assistidos por amigos espirituais que estarão ao nosso lado, sempre que necessário, velando por nós e nos inspirando nas decisões mais difíceis.

BIBLIOGRAFIA

1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec

2) O Que é o Espiritismo? - Allan Kardec

3) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec

Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

O SONO E OS SONHOS


O SONO E OS SONHOS

INTRODUÇÃO

Chama-se emancipação da alma o desprendimento do Espírito encarnado, possibilitando-lhe afastar-se momentaneamente do corpo físico que anima. Esta emancipação da alma é fenômeno que pode ocorrer em várias situações ou circunstâncias da vida humana, entre elas o sono.

Que é sono? É o estado em que cessam as atividades motoras e sensoriais e o corpo repousa. Há o refazimento das forças físicas.

Mas o sono tem uma significação muito mais profunda e conseqüências muito mais amplas no conjunto integral da vida humana. Enquanto o corpo repousa, mantendo-se adormecido, não necessitando da presença do Espírito para comunicar-lhe atividades físicas ou mentais, este se liberta, afasta-se do corpo, reintegra-se em suas faculdades perceptivas e ativas, passando a agir a distância do instrumento físico.

Graças ao sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos.

Quando o corpo se entorpece, seja qual for a causa, sono natural ou artificialmente provocado pela hipnose, sonambulismo, drogas, narcose, etc., a alma se emancipa, desprende-se parcialmente e pode entrar em relação com o plano espiritual.

Allan Kardec formulou aos Espíritos, dentro deste assunto, perguntas muito interessantes, obtendo respostas, por sua vez, sumamente instrutivas.

"Durante o sono, a alma repousa como o corpo?

R. Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos. " [LE-qst 401]

"Como podemos julgar a liberdade do Espírito durante o sono?

R. Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, tem o Espírito mais liberdade do que no estado de vigília." [LE-qst 402]

O Sonho é, portanto, a soma das lembranças daquilo que o espírito viu e viveu em desdobramento, quando seu espírito se encontrava livre, e das reminiscências diárias - as imagens e situações da vida desperta que se encontram guardadas em seu insconsciente.

Essas lembranças são, geralmente, fragmentárias e tê-las mais nitidamente depende do grau de desenvolvimento das nossas percepções psíquicas. Às vezes, fica só a lembrança da perturbação que antecede o desprendimento do Espírito ou que se segue a ele, no momento de despertar. Essa perturbação resulta em imagens confusas. Misturamos cenas vistas durante a vigília às preocupações de nossa vida diária. Mesmo as imagens que resultam da nossa vivência real no mundo dos Espíritos não são lembranças fiéis, já que mesmo dormindo, não nos libertamos totalmente das nossas idéias e preocupações do período de vigília, o que pode dar ao que vemos a aparência do que desejamos ou do que tememos.

CLASSIFICAÇÃO DOS SONHOS

Martins Peralva [Estudando a Mediunidade] propõe a classificação dos sonhos em:

Sonhos Comuns

Seriam as lembranças dos quadros que permanecem impressos em nossas própria mente. São imagens, às vezes, confusas e caóticas.

Estão relacionados com o nosso cotidiano. Muitas vezes, ficamos presos ao corpo pelas preocupações materiais, idéias fixas, aspirações comuns e nos ligamos ao que mais nos preocupa ou fascina. São muito freqüentes, dada à nossa condição espiritual.

Sonhos Reflexivos

São aqueles em que o desprendimento ou emancipação da alma permite um mergulho mais profundo em nossos registros perispirituais, recuperando imagens, cenas de vidas passadas. Estas imagens são coerentes e se apresentam mais nítidas, como cenas de um filme. Os sonhos reflexivos podem ser conseqüentes, algumas vezes, a determinado fato de nossa vida real que nos leva a vivenciar cenas do pretérito, ou ainda, poderão ser induzidos por Espíritos desencarnados superiores ou inferiores.

Sonhos Espíritas

São lembranças de nossa vivência real no mundo dos Espíritos. São recordações de encontros, estudos que participamos, conversas, tarefas que desenvolvemos, etc. Podem ocorrer também, perseguições e acontecimentos desagradáveis, sempre em função de nossa sintonia espiritual.

Yvonne A. Pereira relata-nos em suas obras inúmeros sonhos espíritas, vivências de sua tarefas assistenciais no plano espiritual. Ela os chama de sonhos magnéticos, por serem aqueles que registram tarefas mediúnicas, e suas cenas são precisas e inteligentes. Alguns revelam acontecimentos futuros, outros são revelações dos amigos espirituais, instruções ou aulas, avisos de fatos ligados ao trabalho mediúnico. Aos que revelam acontecimentos futuros, Allan Kardec os chama de proféticos e temos vários exemplos na Bíblia.

A leitura das obras de André Luiz poderá nos fornecer muito material na elucidação dos sonhos. Encontramos nestes livros relatos de sonhos vistos da perspectiva dos Espíritos e, através desta leitura, poderemos compreender melhor o desprendimento natural do sono físico, nossas experiências durante a emancipação da alma.

Os sonhos são tão diversos e infinitas as suas modalidade que estudos profundos têm sido realizados à respeito pela Ciência oficial, sem contudo, encontrar explicações convincentes. Isto porque as análises e interpretações se prendem à parte física apenas. Somente o conhecimento das leis que regem os fenômenos espíritas, principalmente, o estudo do perispírito e suas propriedades, irão aclarar estas informações.

Nem todos os sonhos dão idéia de libertação da alma.

André Luiz [Mecanismos da Mediunidade] diz que quanto mais inferiorizado o homem, mais dificuldade terá na emancipação espiritual durante o sono físico.

Para o homem primitivo, o sono nada mais é que puro e absoluto refazimento físico. Nos primeiros estágios da evolução, o sonho seria invariável ação reflexa de nosso próprio mundo consciencial e afetivo.

Da mesma forma que o sensitivo vai até ao local sugerido pelo hipnotizador, a criatura sob hipnose natural que é o sono, fora do corpo físico, vai também até ao local sugerido ou será atraída através do próprio desejo que é o reflexo condicionado, até ao local que se lhe vincula o pensamento.

Pelas informações deste autor espiritual, nossos sonhos são agradáveis ações construtivas que nos ligam a Espíritos afins, propensos ao bem, ou a ações negativas, deprimentes se nossa sintonia for inferior.

A maior ou menor emancipação da alma durante o sono está relacionada, segundo os ensinamentos dos Espíritos, com o nosso grau de evolução.

Em [LE-qst 403] Allan Kardec indaga:

"Por que não nos lembramos sempre dos sonhos?

R. Em o que chamas sono, só há repouso do corpo, visto que o Espírito está sempre em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco de sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, quer deste mundo quer em outros. Mas, como é pesada e grosseira a matéria que compõe o corpo, dificilmente este conserva as impressões que o Espírito receber, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais."

Poderíamos explicar mais detalhadamente assim:

No estado de vigília as percepções se fazem com o concurso dos órgão físicos - os estímulos são selecionados pelos sentidos, transmitidos pelas vias nervosas ao cérebro; aí são gravadas para serem reproduzidas a cada evocação pela memória biológica. No sono cessam as atividades motoras e sensoriais. O Espírito liberto age no plano espiritual e sua memória perispiritual registra os fatos que vivencia, sem chegar, contudo, ao cérebro físico. Tudo é percebido diretamente pelo Espírito, mas nada impede que, excepcionalmente, por via retrógrada, as percepções da alma repercutam no cérebro físico. Então, ocasionalmente, o homem se lembra do que sonhou.

É sempre oportuno lembrar que ao nos desprendermos no sono físico penetramos no mundo espiritual, onde não prevalecem as leis físicas e estaremos sujeitos às leis do mundo espiritual, em que o grau de densidade perispiritual e a lei de atração dos semelhantes determinarão outras limitações, fixando os parâmetros de nossa vivência.

Allan Kardec nos chama atenção para a diferença entre sonho comum e sonho com desdobramento da alma. Ele diz:

"O sonho é a lembrança do que o vosso Espírito viu durante o sono; mas observai que nem sempre sonhais porque nem sempre vos lembrais daquilo que vistes ou que ouvistes. Isto porque não tendes a vossa alma em todo o seu desenvolvimento; freqüentemente não vos resta mais que a lembrança da perturbação da vossa partida e da vossa volta (...). Sem isto como explicaríeis estes sonhos absurdos a que estão sujeitos tanto os sábios como os ignorantes?

Os maus Espíritos também se servem dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes. (...) Procurai distinguir bem estas duas espécies de sonhos entre aqueles do que vos lembrardes, sem isto cairíeis em contradição e em erros que seriam funestos para vossa fé."

A análise dos sonhos pode nos trazer informações valiosas para nosso auto-conhecimento. Contudo, devemos nos precaver contra as interpretações pelas imagens ou lembranças esparsas. Há sempre um forte conteúdo simbólico em nossa percepções psíquicas que, normalmente nos chegam acompanhadas de emoções e sentimentos.

Se ao despertarmos, nos sentimos envolvidos por emoções boas, agradáveis, vivenciamos uma experiência positiva durante o sono físico. Ao contrário, se as emoções são negativas, nos vinculamos, certamente, a situações e Espíritos inferiores de acordo com nossos hábitos, vícios morais, pensamentos negativos.

Daí a necessidade de adequarmos nossas vidas aos ensinamentos cristãos, vivenciando o amor, o perdão e altruísmo habituando-nos à oração antes de dormir, para nos ligarmos a valores positivos e sintonias superiores.

Teremos, então, sonhos mais agradáveis, construtivos e iremos perceber melhor a nossa participação real durante o sono, separando-a das imagens que estão fixadas em nossa aura ou daquelas arquivadas em nossa memória perispiritual.

Bibliografia

1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier
3) Estudando a Mediunidade - Martins Peralva
4) Revista Espírita, jul/1865 - Allan Kardec
5) Revista Reformador, jan/1969 - Yvonne A. Pereira
6) Revista Reformador, set/1989 - Dalva Silva Souza

Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG