sexta-feira, 25 de junho de 2010

AS PERCEPÇÔES


AS PERCEPÇÕES
Informa Allan Kardec que o Espírito, uma vez no mundo extra-físico, além de manter as percepções que tinha na vida física, adquire outras mais sutis e, às vezes, mais aprimoradas, pois já não mais desfruta de um corpo pesado, denso, material.
Disseram os Benfeitores que:
"A inteligência, como atributo do Espírito se manifesta mais livremente quando não tem entraves."
Porque o corpo físico - "um escafandro", na expressão de André Luiz - é um obstáculo à manifestação da inteligência.
Certamente que estas percepções estarão dependendo intimamente do progresso já amealhado pela entidade desencarnada, pois há Espíritos que nada sabem a mais que os homens, em função de seu atraso intelecto moral.
Vejamos algumas observações de Kardec:
a) Tempo: muitos Espíritos vivem fora do tempo, tal como o compreendemos. Os Espíritos superiores, pelo fato de se encontrarem profundamente desmaterializados, colocam-se acima das noções habituais do tempo. Os Espíritos inferiores, podem também não compreender a duração como nós, em função de seu estado consciencial, ou de cristalização em pessoas, lugares e emoções. No entanto, as entidades mais esclarecidas, vinculadas diretamente à Terra, podem manter-se orientadas em relações ao nosso horário, com perfeita compreensão da duração das coisas e do tempo.
b) Conhecimento do passado e do futuro: será com relação ao conhecimento do passado e do futuro que o grua de desmaterialização do Espírito terá uma maior influência. Os Espíritos superiores conhecem intimamente o seu passado, e têm, muitas vezes, uma antevisão do futuro a partir da análise do presente. Será sempre uma antevisão relativa, de um futuro provável, pois os acontecimentos estão sempre condicionados ao livre-arbítrio das pessoas. Os Espíritos inferiores nada sabem a respeito de fatos passados e futuros;
c) Deus: os Espíritos superiores o vêem e compreendem; os Espíritos inferiores o sentem e adivinham;
d) Visão: a visão dos Espíritos não é circunscrita como nos seres corpóreos, mas é uma faculdade geral. Muitos Espíritos vêem pela luz própria, sem necessidade de luz exterior, mas isto, como tudo, depende também de sua condição evolutiva;
e) Sons: os Espíritos percebem os sons, até mesmo os que os nossos sentidos às vezes não conseguem perceber;
f) Música: a música tem para os Espíritos encantos infinitos. em razão de suas qualidades sensitivas muito desenvolvidas. Os Espíritos atrasados podem sentir um certo prazer ao ouvir a nossa música, porque não estão ainda capazes de compreender outra mais sublime, no entanto, almas mais purificadas, buscam melodias mais belas e mais suaves;
g) Belezas Naturais: os Espíritos são sensíveis a elas, segundo as suas aptidões para as compreendê-las e as apreciá-las.
AS SENSAÇÕES
Mostra-nos a prática espírita, que os Espíritos relatam a presença de uma série de sensações. À margem das angústias morais, (remorso, ódio) ou das perturbações emocionais (medo, ansiedade), que torturam muito mais que os sofrimentos físicos, observa-se nas entidades desencarnadas sensações como frio, calor, fome, sede, cansaço, e mesmo dores "físicas".
Sabemos que o perispírito é o agente das sensações externas nas entidades extra-físicas. No corpo, enquanto na matéria densa, estas sensações estão localizadas nos órgãos. Destruído o corpo, será o perispírito o responsável pelo registro de todas as sensações externas. Sendo o corpo espiritual formado de matéria quintessenciada, sutil, não sofre influência direta de elementos materiais, como chuva, fogo, etc., no entanto, muitos Espíritos queixam-se de sensações vinculadas a estas situações.
Diz-nos o Codificador, que estas sensações podem ter uma dupla gênese: lembrança de sofrimentos anteriores ou impressão de algo que na realidade não está ocorrendo.
No primeiro caso, vamos verificar que muitos sofrimentos dos Espíritos estão relacionados às recordações de situações que muito os traumatizaram enquanto vivos: homens que morreram queimados, baleados, portadores de doenças físicas, podem despertar no mundo espiritual como se estivessem ainda ardendo em brasas, com o peito sangrando, ou, ainda, com os estigmas das doenças que os infelicitavam.
André Luiz [E a Vida Continua], mostra dois personagens, que diante da simples recordação de entes queridos que deixaram na Terra, retornavam a sentir-se mal, apresentando os mesmos sintomas que os acometiam nos últimos dias de vida.
Isto acontece, porque o Espírito armazena em sua estrutura psíquica inconsciente, todos os atos, pensamentos e todas as palavras vinculadas a ele. Diante da evocação de uma dessas situações pode o Espírito desencarnado voltar a registrar sensações relacionadas a estes fatos.
Quando Kardec perguntou aos benfeitores porque muitos Espíritos queixavam-se de frio ou calor, eles responderam:
"Lembrança do que sofreram durante a vida; e algumas vezes é tão penosa quanto a realidade. Freqüentemente é uma comparação que eles fazem para exprimirem a sua situação. Quando se lembram do corpo experimentam uma espécie de impressão, como quando se tira uma capa e algum tempo depois se pensa estar com ela."[LE-qst 256]
No entanto, algumas vezes, conforme mostra Allan Kardec, há nos relatos dos Espíritos mais do que uma simples lembrança:
"A experiência nos ensina que, no momento da morte, o perispírito se desprende mais ou menos lentamente do corpo. Nos primeiros instantes, o Espírito não compreende a sua situação; não acredita que morreu; sente-se vivo; vê o seu corpo de lado, sabe que é o seu e não entende porque está separado. Um suicida dizia: - Não estou morto, entretanto sinto os vermes que me roem. Ora, seguramente os vermes não roíam o perispírito, e menos ainda o Espírito, mas o corpo. Como o Espírito sentia-se ligado ainda ao corpo havia uma espécie de repercussão emocional, que lhe transmitia a sensação do que se passava no corpo. Repercussão não é bem o termo, pois poderia dar idéias de um efeito muito material. Era antes a visão do que se passava no corpo ao qual o perispírito continuava ligado que produzia essa ilusão, tomada por real. Assim, não se tratava de uma lembrança, pois, durante a vida, ele não fora roído pelos vermes: era uma sensação atual."
Essas sensações "físicas" são relatadas por almas ainda muito apegadas às coisas da vida física e com uma estrutura perispirítica por demais grosseira.
Sabe-se que muitos Espíritos costumam sentir dores cruciais, em função de terem os corpos físicos submetidos a estudos anatomopatológicos nos Institutos médico-legais. Relatam, muitas entidades, que no momento da necropsia, eles, postados ao lado do cadáver, passavam a registrar sensações de sofrimento, pavor e angústia e dos bisturis como se realmente estivessem sentindo a agressão das lâminas dos peritos.
A mesma explicação pode ser dada, para casos relatados por André Luiz, de Espíritos vadios que ainda não se deram conta de seu falecimento, e que, diante de tempestades, se protegem nas marquises e nas lojas, temendo que as chuvas possam molhá-los.
O médico e escritor espírita Alberto de Sousa Rocha [Espiritismo e Psiquismo], lembra que, na base dessas sensações, está um processo de auto-sugestão e condicionamento. Pelo fato de "acreditar" naquilo que está vendo o Espírito passa a registrar as sensações correspondentes. Mostra o autor, que se sugerirmos a uma pessoa hipnotizada que sentirá a picada de uma agulha, a pessoa deverá sentir, mesmo que não disponhamos fisicamente da mesma. Sentirá frio ou calor consoante a sugestão que lhe endereçarem. Igualmente os Espíritos desencarnados; sob o regime de alguma indução externa ou interna, a mente passa a gerar nas células perispirituais toda uma série de condicionamentos, fazendo com que o Espírito se entregue as sensações diversas.
Alguns autores chamam a este processo de "repercussão ou exteriorização da sensibilidade."
Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec2) Espiritismo e Psiquismo - Alberto de Sousa Rocha3) Os Mensageiros - André Luiz/Chico Xavier4) E a Vida Continua - André Luiz/Chico Xavier5) Espiritismo e Psiquismo - Alberto de Sousa Rocha
Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora - MG

MEDIUNIDADE


MEDIUNIDADE
Allan Kardec apropriou-se da expressão latina "médium", que significa "intermediário ou meio", para designar aquelas pessoas portadoras da faculdade mediúnica, ou seja, indivíduos capazes de colocarem em contato mais direto os dois planos de vida - o plano dos encarnados e dos desencarnados.
O médium, pelo fato de ser portador de certos recursos orgânicos, torna-se a ponte, o meio, o intermediário entre os Espíritos e os homens.
Segundo Kardec:
"Todo aquele que sente, num grau qualquer a influência dos Espíritos, é, por esse motivo, médium."
Lembra, ainda o Codificador, que:
"Esta faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuem alguns rudimentos."
No entanto, Kardec orienta para que se reserve a expressão "médium" apenas para aquelas pessoas em quem a:"Faculdade mediúnica se mostre bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade."
TIPOS DE MÉDIUNS
Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para um dos diversos tipos de fenômenos mediúnicos. Portanto, com relação ao tipo de fenômeno produzido, os médiuns podem ser classificados em vários tipos:
a) Médiuns de Efeitos Físicos: são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais, como os movimentos de corpos inertes ou ruídos, materialização de Espíritos, etc. Foram muito comuns no passado e tinham a finalidade de chamar a atenção para os fenômenos espíritas, mas hoje, são cada vez menos freqüentes;
b) Médiuns Falantes ou Psicofônicos: permitem a comunicação dos Espíritos através da fala;
c) Médiuns Escreventes ou Psicógrafos: permitem a comunicação dos Espíritos através da escrita;
d) Médiuns Audientes: ouvem os Espíritos;
e) Médiuns Videntes: vêem os Espíritos;
f) Médiuns Intuitivos: captam o pensamento dos Espíritos;
g) Médiuns de Desdobramento: são capazes de se afastarem de seu corpo físico e desenvolverem atividades espirituais;
h) Médiuns de Cura: são capazes de aliviar ou curar doenças pela prece ou pela imposição das mãos;
i) Médiuns Psicômetras: são aptos a detectar a vibração existente em objetos e locais.
OBJETIVOS DA MEDIUNIDADE
A comunicabilidade dos Espíritos com os encarnados não é um fato recente, mas antiquíssimo, com a única diferença que, no passado, era apanágio dos chamados iniciados e na atualidade, com o advento do Espiritismo, tornou-se fenômeno generalizado a todas as camadas sociais.
Segundo a Doutrina Espírita, as principais finalidades da comunicabilidade dos Espíritos são:
a) Esclarecimento, Instrução e Orientação aos Homens: Lembra Kardec, que a mediunidade assume hoje o papel que assumiram, no passado, duas grandes descobertas, o telescópio e o microscópio. O primeiro deveria fornecer ao homem informações concernentes ao macrocosmo e ao segundo detalhar, o mundo infinitamente pequeno, o microcosmos. Cabe a mediunidade estudar o Psicocosmo, o mundo dos Espíritos. Assim sendo, através da faculdade mediúnica, os benfeitores da humanidade, vivendo no plano dos desencarnados, poderão veicular informações importantes relacionadas ao nosso progresso intelecto-moral;
b) Socorro a Espíritos em sofrimento: muitos indivíduos ao desencarnarem, por não terem desenvolvido uma consciência de eternidade, encontram dificuldades na sua adaptação ao mundo extra-físico. Ansiedade, medo, sofrimentos morais diversos, perturbação, inconsciência da morte podem ser identificados em muitos desencarnados. A prática mediúnica é um dos recursos utilizados pela Espiritualidade Maior para socorrer e assistir a estes Espíritos;
c) Contribuir no aprimoramento moral do médium: aprendemos com a Doutrina Espírita que a faculdade mediúnica por si só não basta. O importante está na conduta moral daquele que é seu portador. Porque na base do intercâmbio espiritual está a lei de sintonia que diz que cada um será assistido por Espíritos em afinidade com seus sentimentos e suas emoções;
Achando-se a mente na estrutura de todas as manifestações mediúnicas, torna-se imprescindível ao medianeiro enriquecer o pensamento, incorporando-lhe os tesouros morais e culturais.
EXERCÍCIO DA MEDIUNIDADE
"Restitui a saúde dos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido."
Foi esta a recomendação de Jesus a seus discípulos, com isto querendo dizer que ninguém deveria utilizar-se da faculdade mediúnica em benefício próprio, que jamais fizesse dela objeto de comércio nem de especulação e nem de meio de vida.
Esta orientação dada por Jesus continua muito atual, porque a mediunidade evangelizada jamais poderá transformar-se em profissão ou fonte de renda.
Deve-se compreender que a mediunidade só existe pelo concurso dos Espíritos, portanto, deve ser mobilizada em benefício do próximo como recursos que nos oferece a Divindade de darmos a nossa cota de colaboração na regeneração da humanidade.
O médium moralizado, que encontra na vivência evangélica a conduta de vida, é uma pessoa de bem, que procura ser humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso e trabalhador. Cumpre o mandato mediúnico com amor.
No exercício da mediunidade com Jesus, isto é, na perfeita aplicação dos seus valores a benefício da criatura, em nome da caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades convertendo-se em celeiros de bênção, semeador da saúde espiritual e da paz nos diversos terrenos da vida humana.
INFLUÊNCIA DOS ESPÍRITOS EM ATOS E PENSAMENTOS
A influência dos Espíritos sobre os nossos pensamentos e atos é tão grande que "muito freqüentemente são eles que vos dirigem." [LE-qst 459]
Esta influência pode ser boa ou má, fugaz ou duradoura e se estabelece através de uma corrente mental. O Espírito identifica o seu pensamento com o nosso e vai introduzindo em nosso campo mental as suas idéias, sugestões e emoções.
É fundamental a compreensão de que esta influenciação só se concretiza através da sintonia mental, estando o Espírito e o encarnado em condições morais equivalentes.
Lembram os autores espíritas que pensar é vibrar, é entrar em relação com o universo espiritual que nos envolve, e, conforme a espécie das emissões mentais de cada ser, elementos similares se lhe imanizarão, acentuando-lhes as disposições e cooperando com ele em seus esforços ascensionais ou em suas quedas e deslizes.
Quando Kardec perguntou aos Espíritos [LE-qst 467] se o homem poderia se afastar da influência dos Espíritos que os incitam ao mal, elas responderam:
"Sim, porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos."
A influência dos Espíritos sobre o homem vai depender também da natureza desses Espíritos.
Os Espíritos infelizes, de mente ultrajada, misturam-se em nossas atividades comuns, perambulam no ninho doméstico, participam das conversações, seguem com os comensais, de quem muitas vezes se irmanizam em processos de dependência mútua. Perturbam-se e perturbam; sofrem e fazem sofrer; odeiam e geram ódios; amesquinhados em si mesmos, amesquinham os outros; infelicitados, infelicitam.
Já a ação dos Espíritos superiores é outra. Os bons Espíritos só aconselham para o bem, suscitam bons pensamentos, desviam os homens da senda do mal, protegem na vida os que se lhes mostram dignos de proteção e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos.
Podemos observar pelo exposto, que muitos pensamentos que povoam a nossa mente não têm origem em nós mesmos, mas sim em entidades desencarnadas. Disseram os Espíritos [LE-qst 460]:
"Vossa alma é um Espírito que pensa; não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem, a um só tempo, sobre o mesmo assunto e freqüentemente bastante contraditórios. Pis bem: nesse conjunto há sempre os vossos e os nossos, e é isso o que vos deixa na incerteza, porque tendes em vós duas idéias que se combatem."
Com relação à maneira de distinguirmos o nosso pensamento do pensamento estranho, as entidades disseram [LE-qst 461]:
"Quando um pensamento vos é sugerido, é como uma voz que vos fala. Os pensamentos próprios são, em geral, os que vos ocorrem no primeiro impulso. De resto, não há grande interesse para vós essa distinção, e é freqüentemente útil não o saberdes: o homem age mais livremente; se decidir pelo bem, o fará de melhor vontade; se tomar o mau caminho, sua responsabilidade será maior."
Observamos então que os Espíritos só têm o poder que nós lhes damos, pois só conseguem atuar em nós se nos encontrarem em situação favorável, seja positiva, no caso dos bons Espíritos, ou negativa, em se referindo às entidades infelizes.
Para neutralizar a influência dos maus Espíritos, Kardec orienta:
"Fazendo o bem e colocando a vossa confiança em Deus, repelis a influência dos Espíritos inferiores e destruís o império que desejam ter sobre vós." [LE-qst 469]
Bibliografia
1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec
2) O Livro dos Médiuns - Allan Kardec
Apostila Original: Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora