A TEORIA DAS CURAS INSTANTÂNEAS
Allan Kardec, na "Revista Espírita" de março de 1868, publicou um ensaio teórico sobre as curas instantâneas, ressaltando que se tratava ainda de um tema em estudo, até que o mesmo tivesse recebido a sanção da lógica e da opinião geral dos Espíritos.
Mas, os pontos apresentados por Allan Kardec, abaixo relacionados, merecem profundas reflexões de nossa parte, pelo bom senso notável com que foram redigidos e pela perfeita concordância tanto com os itens anteriormente apresentados, quanto com os princípios do Espiritismo:
AS INFLUÊNCIAS DO MÉDIUM CURADOR SOBRE OS FLUÍDOS: As qualidades do fluído curador, verdadeiro agente terapêutico, variam conforme o temperamento físico e moral dos indivíduos que o transmitem;
FATOR CONDICIONANTE DA CURA: A cura depende, em princípio, da adequação das qualidades do fluído à natureza e à causa do mal. Eis porque um médium curador não consegue curar todos os males;
EXPIAÇÕES E PROVAS: Na maioria dos casos, as moléstias são expiações do presente ou do passado, ou provações para o futuro; são dívidas contraídas, cujas conseqüências devem ser sofridas até que tenham sido resgatadas. Assim, não pode ser curado aquele que deve suportar sua provação ou sua expiação até o fim. Este princípio é um motivo de resignação para o doente, mas não para que o doente não mereça a ajuda médica ou dos seus semelhantes;
A AÇÃO FÍSICA DOS FLUÍDOS: Certas doenças têm sua causa original na alteração dos tecidos orgânicos. Assim, a cura das moléstias desta natureza, pela ação de um fluído impalpável, impulsionado pela vontade, depende da substituição das moléculas orgânicas mórbidas por moléculas sadias. Trata-se, na realidade, da reparação de uma desordem orgânica pela introdução, no órgão doente, de materiais sãos, substituindo os materiais deteriorados. Esses materiais sãos podem ser fornecidos pelos medicamentos, remédios ou pelo fluído magnético, que é matéria espiritualizada;
A CURA GRADUAL: No caso de substituição molecular, necessária ao restabelecimento do equilíbrio, só se pode operar gradualmente, e não por encanto.. Assim, a cura resulta de uma ação contínua e perseverante, mais ou menos longa, conforme a gravidade dos casos;
AS CURAS INSTANTÂNEAS: As curas instantâneas não se dão indistintamente para todas as doenças, nem para todos os indivíduos;
A AÇÃO DO MAU FLUÍDO: Certas afecções, mesmo muito graves e passadas ao estado crônico, devem-se à presença de um mau fluído, que desagrega as moléculas orgânicas e perturba a sua ordem. Todos os órgãos estão em bom estado, mas o mau fluído impede o bom funcionamento; os órgãos estão sadios, mas a pessoa sente-se doente pela ação do mau fluído;
OS FLUÍDOS PERNICIOSOS: A situação anterior explica grande número de doenças, cuja origem é devida aos fluídos perniciosos penetrados no organismo;
A EXPULSÃO DOS MAUS FLUÍDOS: Para se obter a cura, não se trata de substituir moléculas deterioradas, mas de expulsar o mau fluído, que é a causa do mal, permitindo que o equilíbrio se restabeleça e que as funções retornem ao seu curso normal;
AS LIMITAÇÕES DA MEDICINA TERAPÊUTICA: Nas doenças decorrentes da ação de um mau fluído, os medicamentos terapêuticos, que agem sobre a matéria, não têm eficácia e são inoperantes sobre o agente fluídico causador de inúmeras doenças. A Medicina terapêutica, nestes casos, falha contra os agentes fluídicos;
A SUBSTITUIÇÃO DOS FLUÍDOS: Ao mau fluído deve-se opor um fluído melhor e mais poderoso. O bom fluído infiltrado no órgão doente expulsa o fluído mau que perturba o seu funcionamento;
A AÇÃO DO BOM FLUÍDO: Dependendo da qualidade do bom fluído, a expulsão do mau fluído pode ser rápida e o doente sentir-se imediatamente aliviado. Não estando mais congestionado, o órgão volta ao seu estado normal e retorna as suas funções naturais. Isto explica as curas instantâneas, promovidas pela ação magnética;
SÍNTESE: Em resumo, pode-se dizer que quando o mal exige a reparação de órgãos alterados, necessariamente a cura é lenta e requer uma ação contínua e um fluído de qualidade especial. Quando se trata da expulsão de um mau fluído, a cura pode ser rápida e, mesmo, instantânea;
NUANÇAS INFINITAS E CAUSAS MÚLTIPLAS: Entre os dois casos acima citados: o de alteração das moléculas orgânicas, que exige a reparação e a substituição das moléculas deterioradas, e o de infiltração de um fluído mau nos órgãos sãos, que exige a expulsão desse mau fluído pela aplicação de um bom fluído, existem nuanças infinitas. Em muitos casos de doenças, as duas causas existem simultaneamente, em diferentes graus, e com mais ou menos preponderância de cada uma, tornando-se necessário, ao mesmo tempo, expulsar o mau fluído e reparar as moléculas deterioradas. A cura só será completa após a destruição dessas duas causas;
TRATAMENTOS TERAPÊUTICOS COM TRATAMENTOS FLUÍDICOS: Quando se trata de reparar desordem orgânica e de expulsar o mau fluído para se obter a cura, os tratamentos terapêuticos, muitas vezes, precisam ser complementados por tratamentos fluídicos;
A CURA INSTANTÂNEA É RARA: A cura instantânea radical e definitiva é um caso excepcional e raro, porque a expulsão do mau fluído não se completa no primeiro golpe e porque geralmente a causa fluídica está acompanhada de alguma alteração orgânica;
O TRATAMENTO DESOBSESSIVO: Os casos de doença por infiltração de maus fluídos em órgãos sadios, muitas vezes, ligam-se à obsessão exercida por maus Espíritos. Assim, para se obter a cura, é preciso tratar, ao mesmo tempo, do doente e do Espírito obsessor;
A COMPLEXIDADE DOS TRATAMENTOS: Essas considerações mostram quantas coisas há que se levar em conta no tratamento das moléstias, e quanto ainda resta para se aprender a tal respeito.