domingo, 21 de fevereiro de 2010

ZIBIA GASPARETTO


Zibia Gasparetto: Vocação irresistível de ajudar os outros

Rio - Minha mãe contava que eu fui uma criança saudável, mas de vez em quando ficava indisposta, febril, chorosa. Ela me levava a uma benzedeira que suspeitava de “quebranto”.

Para testar, a mulher pegava um prato fundo com água e pingava algumas gotas de óleo: se elas se misturassem, esse mal era confirmado. Então, ela começava o benzimento, fazendo sua reza enquanto bocejava sem parar.

A melhora era imediata. Eu saía de lá sem febre, bem disposta, pedindo comida. Esse fato se repetiu durante meus primeiros anos.

Depois melhorou, e só reapareceu mais tarde, quando meu sexto sentido se abriu e precisei estudar os fenômenos naturais da mediunidade.

Na primeira infância,a criança é totalmente dependente dos pais e fica sujeita ao estado de humor deles, captando suas energias, que influenciam sua saúde, dependendo do grau de sensibilidade que ela tiver.

Os benzedores são homens ou mulheres comuns e atuam de várias formas. Agem intuitivamente, com naturalidade, não se concentram, nem misturam religião.

Alguns usam ervas, cruz e outros objetos. Geralmente, contam que herdaram o Dom de um parente que lhe ensinou as rezas.

O interessante é que o benzimento funciona.

Anos atrás, tive erisipela na perna esquerda, que avermelhou e ardia muito. O médico receitou antibióticos fortes, banhos com permanganato de potássio, tratamento que fiz por mais de uma semana e foi ficando pior.

— Erisipela só cura com benzimento. Procure uma o quanto antes — sugeriu uma amiga.

No momento eu não conhecia nenhuma, mas meu filho lembrou-se de D. Isaura, nossa conhecida e mãe de um amigo dele. Ela veio no mesmo dia, disse que o caso estava grave porque eu demorei para pedir ajuda. Na hora, deixei de lado os remédios e ela começou a benzer. Durante uma semana ela benzeu minha perna. A cada benzimento eu melhorava um pouco até que sarei completamente.

É difícil entender esses fatos. Mas há pessoas que possuem qualidades especiais, que aparecem junto com uma vocação irresistível de ajudar os outros. Parece que a natureza, que é perfeita, programou a vida de tal forma que ninguém fique sem socorro. Há médiuns de cura que realizam cirurgias espirituais, curando os que podem, confortando e aliviando as dores dos incuráveis.

A sabedoria dos pagés vale-se de recursos da natureza para curar os que vivem distantes da civilização.

Ninguém está só. Nos momentos de dificuldade, sempre aparece uma mão amiga, um coração solidário, com vocação de ajudar. É a programação divina que tudo prevê e age manipulando o socorro no momento certo.

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